Comunicado do Comité Central<br>do Partido Comunista Português

O Comité Central do PCP, na sua reunião de 29 e 30 de Junho, analisou aspectos da situação política nacional, em particular o agravamento da situação económica e social e a ofensiva do Governo PS dirigido por José Sócrates contra os direitos dos trabalhadores, bem como o desenvolvimento da luta de massas e de oposição à política de direita; apreciou o significado da vitória do Não no referendo sobre o Tratado de Lisboa realizado na Irlanda; avaliou a concretização do conjunto de orientações e linhas de trabalho com vista ao reforço da organização do Partido e à intervenção e iniciativa políticas. O Comité Central do PCP procedeu ainda a uma apreciação à primeira fase do debate preparatório do XVIII Congresso, definiu as orientações para o prosseguimento dos trabalhos preparatórios do Congresso e aprovou o Regulamento da sua fase preparatória.
1.
O agra­va­mento da si­tu­ação eco­nó­mica e so­cial e a luta por uma po­lí­tica al­ter­na­tiva

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. O País vive uma si­tu­ação de brutal agra­va­mento das con­di­ções de vida dos tra­ba­lha­dores e da ge­ne­ra­li­dade da po­pu­lação, ainda mais ace­le­rada pela es­ca­lada dos preços dos com­bus­tí­veis e de bens ali­men­tares. O au­mento do custo de vida, as­so­ciado ao con­ti­nuado au­mento das taxas de juro, está a tra­duzir-se numa cres­cente perda do poder de compra e numa acen­tuada des­va­lo­ri­zação dos sa­lá­rios e pen­sões, na as­fixia e ruína de mi­lhares de pe­quenas e mé­dias em­presas, no au­mento das de­si­gual­dades so­ciais e da po­breza.
A opu­lência dos lu­cros que os grandes grupos eco­nó­micos e fi­nan­ceiros con­ti­nuam a acu­mular, con­trasta de forma cho­cante com as cres­centes di­fi­cul­dades que atingem a ge­ne­ra­li­dade da po­pu­lação.
Neste con­texto as­sume ainda maior gra­vi­dade a con­ti­nuada ofen­siva do Go­verno PS e do grande pa­tro­nato contra os di­reitos dos tra­ba­lha­dores e as suas es­tru­turas re­pre­sen­ta­tivas. Numa si­tu­ação mar­cada por um ele­vado de­sem­prego, a pre­ca­ri­e­dade e a baixa ge­ne­ra­li­zada do poder de compra, o Go­verno quer fa­cultar novos me­ca­nismos para o au­mento da ex­plo­ração com a re­visão para pior do Có­digo do Tra­balho em ar­ti­cu­lação com a al­te­ração à le­gis­lação la­boral na Ad­mi­nis­tração Pú­blica.
Esta re­visão do Có­digo do Tra­balho que o Go­verno do PS, e o grande pa­tro­nato com a cum­pli­ci­dade da UGT, acor­daram em sede de con­cer­tação so­cial cons­ti­tuiria, a ser con­cre­ti­zado, um re­tro­cesso so­cial para os tra­ba­lha­dores e um factor de com­pro­me­ti­mento do de­sen­vol­vi­mento do País.
De facto, o texto agora apro­vado visa: fa­ci­litar os des­pe­di­mentos, tor­nando-os mais fá­ceis, rá­pidos, ba­ratos e sem riscos para o pa­tro­nato; des­re­gu­la­mentar os ho­rá­rios de tra­balho (fa­vo­re­cendo o alar­ga­mento de horas ex­tra­or­di­ná­rias sem o res­pec­tivo pa­ga­mento); criar me­ca­nismos que con­duzam à re­dução de sa­lá­rios e re­mu­ne­ra­ções; sub­verter o Di­reito do Tra­balho con­sa­grando a eli­mi­nação do prin­cípio do tra­ta­mento mais fa­vo­rável ao tra­ba­lhador; pre­co­nizar a des­truição da con­tra­tação co­lec­tiva eli­mi­nando di­reitos fun­da­men­tais dos tra­ba­lha­dores. O acordo agora subs­crito, a pre­texto do com­bate à pre­ca­ri­e­dade, quando de facto a le­ga­liza, abre uma nova área de trans­fe­rência de verbas da se­gu­rança so­cial para a acu­mu­lação dos lu­cros do ca­pital e ataca a li­ber­dade de or­ga­ni­zação e acção sin­dical.
O Co­mité Cen­tral do PCP de­nuncia a farsa ne­go­cial de todo este pro­cesso e a in­tenção do Go­verno de pre­tender re­duzir a vinte dias o pe­ríodo de dis­cussão pú­blica e re­a­firma a sua exi­gência de que essa dis­cussão seja feita por um mí­nimo de 30 dias não coin­ci­dentes com os meses de Verão.
O PCP re­a­firma a ne­ces­si­dade e a pos­si­bi­li­dade de, com a luta dos tra­ba­lha­dores, der­rotar os ob­jec­tivos do Go­verno e sa­li­enta a im­por­tância do pro­jecto de lei apre­sen­tado pelo Grupo Par­la­mentar do PCP para al­terar os as­pectos ne­ga­tivos do Có­digo do Tra­balho.

2. O PCP avalia com pro­funda pre­o­cu­pação os pe­rigos e ame­aças para o País da con­jun­tura eco­nó­mica e so­cial. Aos pro­blemas que os três anos de po­lí­tica de di­reita do Go­verno do PS agu­di­zaram – de­si­gual­dades so­ciais e re­gi­o­nais, brutal re­dução do mer­cado in­terno e do poder de compra dos por­tu­gueses, um cres­ci­mento eco­nó­mico ané­mico, au­mento de de­sem­prego, en­cer­ra­mento de nu­me­rosas em­presas, mi­lhares de pe­quenas em­presas em risco de fa­lência – acres­centam-se os im­pactos da crise fi­nan­ceira in­ter­na­ci­onal de­sen­ca­deada nos EUA, com o seu efeito de ar­ras­ta­mento e as re­per­cus­sões es­pe­cu­la­tivas no pe­tróleo, bens agro-ali­men­tares e ou­tras ma­té­rias primas que cri­aram uma si­tu­ação de ex­cep­ci­onal gra­vi­dade.

3. O Co­mité Cen­tral su­blinha três as­pectos que, pelo seu ca­rácter ex­cep­ci­onal, exigem a adopção ur­gente de me­didas ex­tra­or­di­ná­rias para os en­frentar.
– As enormes di­fi­cul­dades que mi­lhões de por­tu­gueses en­frentam, par­ti­cu­lar­mente os re­for­mados com baixas pen­sões e re­formas, a imensa mai­oria dos tra­ba­lha­dores e muitos pe­quenos em­pre­sá­rios. Mi­lhares de agre­gados fa­mi­li­ares (no­me­a­da­mente da faixa etária até aos 40 anos), com um ele­vado nível de en­di­vi­da­mento, de pre­ca­ri­e­dade, com mem­bros de­sem­pre­gados, re­du­zido poder de compra de­cor­rente da po­lí­tica de baixos sa­lá­rios, en­frentam es­tados de rup­tura eco­nó­mica e si­tu­a­ções de grande de­ses­pero face à brutal su­bida dos preços bens ali­men­tares e ser­viços es­sen­ciais como os trans­portes, a saúde e a edu­cação, e muito par­ti­cu­lar­mente os custos com a ha­bi­tação de todos os que re­cor­reram a em­prés­timos ban­cá­rios para a ad­quirir.
– A pro­funda de­si­gual­dade e in­jus­tiça, com que se fazem sentir os im­pactos das de­bi­li­dades eco­nó­micas do País e da con­jun­tura in­ter­na­ci­onal. En­quanto a ge­ne­ra­li­dade dos por­tu­gueses aperta o cinto, mul­ti­plica as horas de tra­balho em ac­ti­vi­dades pro­fis­si­o­nais di­versas e reduz des­pesas es­sen­ciais das fa­mí­lias, cor­tando des­pesas com a ali­men­tação, a saúde e edu­cação dos fi­lhos, fé­rias e fruição cul­tural, os grandes grupos eco­nó­micos e fi­nan­ceiros obtém vul­tu­osos lu­cros e acu­mulam gi­gan­tescos pa­tri­mó­nios mo­bi­liá­rios e imo­bi­liá­rios, e os seus ac­ci­o­nistas e con­se­lhos de ad­mi­nis­tração exibem, com cho­cante des­pudor, con­sumos de luxo e si­nais de ri­queza pro­vando que as di­fi­cul­dades não são para todos.
– A ati­tude co­ni­vente do Go­verno PS pe­rante os acon­te­ci­mentos que desde o 1º se­mestre de 2008 es­tavam em marcha no plano in­ter­na­ci­onal com o de­sen­ca­dear da crise do sub­prime nos EUA, e par­ti­cu­lar­mente face à su­bida em flecha do preço do pe­tróleo desde o início do ano. Re­fu­giado num dis­curso de um País imune à crise, por vir­tude das suas po­lí­ticas e mar­cado pela ar­ro­gância, o Go­verno, cego pela su­jeição aos in­te­resses dos grandes grupos eco­nó­micos e amar­rado aos dogmas cen­trais da po­lí­tica de di­reita e do ne­o­li­be­ra­lismo — ob­sessão pelo dé­fice, total li­ber­dade de acção para os grupos mo­no­po­listas, acei­tação sub­ser­vi­ente da po­lí­tica cam­bial e mo­ne­tária do Banco Cen­tral Eu­ropeu (BCE) — não tomou as me­didas ex­tra­or­di­ná­rias que a si­tu­ação ex­tra­or­di­nária re­cla­mava e exigia, as­su­mindo-se assim como o prin­cipal res­pon­sável pela si­tu­ação vi­vida no nosso País.

4. O Co­mité Cen­tral su­blinha que no ac­tual quadro se im­põem como ina­diá­veis a adopção de po­lí­ticas e so­lu­ções que visem: a de­fesa do sector pro­du­tivo e o au­mento da pro­dução na­ci­onal; en­frentar os pro­jectos de al­te­ração para pior do Có­digo do Tra­balho e eli­minar os as­pectos ne­ga­tivos que o in­te­gram; en­frentar as al­te­ra­ções da le­gis­lação la­boral na Ad­mi­nis­tração Pú­blica; com­bater a pre­ca­ri­e­dade; romper com a ac­tual po­lí­tica or­ça­mental e pro­mover o in­ves­ti­mento pú­blico e o de­sen­vol­vi­mento de po­lí­ticas so­ciais; es­ti­mular a ac­ti­vi­dade eco­nó­mica e de­fender o mer­cado in­terno, de­sig­na­da­mente com a baixa do IVA para os 19%.
A par destes ob­jec­tivos e pro­postas que con­tri­buam para in­verter o rumo da ac­tual po­lí­tica o Co­mité Cen­tral do PCP re­a­firma ao País, aos tra­ba­lha­dores e ao povo a ac­tu­a­li­dade de sete me­didas ur­gentes que, face ao agra­va­mento ex­po­nen­cial das di­fi­cul­dades, mo­bi­lizem von­tades e de­ter­mi­nação que per­mitam dar res­posta ime­diata aos pro­blemas mais sen­tidos:

O au­mento geral dos sa­lá­rios, de­sig­na­da­mente do sa­lário mí­nimo na­ci­onal, que in­clua um au­mento in­ter­calar para os tra­ba­lha­dores da Ad­mi­nis­tração Pú­blica, cor­res­pon­dente à re­cu­pe­ração da perda de poder de compra ocor­rida este ano; o au­mento ex­tra­or­di­nário das pen­sões de modo a que as mais baixas pro­gridam em 2008 pelo menos 4% e as in­ter­mé­dias acom­pa­nhem o au­mento pre­vi­sível da in­flação; a al­te­ração dos cri­té­rios para a atri­buição do sub­sídio de de­sem­prego no sen­tido de re­verter a res­trição im­posta pelo Go­verno, que leva a que a mai­oria dos de­sem­pre­gados não te­nham acesso ao res­pec­tivo sub­sídio; a apli­cação de me­didas com vista à di­mi­nuição dos preços dos com­bus­tí­veis, de­sig­na­da­mente com a cri­ação de um im­posto sobre os lu­cros es­pe­cu­la­tivos das pe­tro­lí­feras, e de apoio a im­por­tantes sec­tores eco­nó­micos es­pe­ci­al­mente pe­na­li­zados por estes au­mentos; a ga­rantia do con­ge­la­mento dos preços dos tí­tulos de trans­porte, para além dos passes so­ciais, através da con­cre­ti­zação da uti­li­zação do ga­sóleo pro­fis­si­onal; a es­ta­be­le­ci­mento de um preço má­ximo para 2008 num con­junto de bens es­sen­ciais bá­sicos ali­men­tares e de hi­giene; a con­tenção do au­mento do custo dos em­prés­timos ac­tu­al­mente exis­tentes à ha­bi­tação através da ori­en­tação ac­ci­o­nista do Es­tado para a Caixa Geral de De­pó­sitos no sen­tido de pra­ticar uma margem adi­ci­onal (spread) má­xima de 0,5 pontos per­cen­tuais nos em­prés­timos à ha­bi­tação, com o con­se­quente efeito de ar­ras­ta­mento no mer­cado.


5. O Co­mité Cen­tral do PCP des­taca a forma sub­ser­vi­ente, face ao grande ca­pital e aos di­tames da União Eu­ro­peia, como o Go­verno PS re­agiu: à su­bida es­pe­cu­la­tiva do preço dos com­bus­tí­veis e ao au­mento de preço in­fla­ci­o­nário dos bens ali­men­tares e ao au­mento das taxas de juro. Em qual­quer dos casos o Go­verno li­mita-se a jus­ti­ficar a si­tu­ação e sob o frau­du­lento ar­gu­mento de não querer pôr todos os con­tri­buintes a pagar a crise, pro­tege os lu­cros das pe­tro­lí­feras e grandes em­presas agro-ali­men­tares e de dis­tri­buição e adopta uma ati­tude de des­res­pon­sa­bi­li­zação po­lí­tica face às ori­en­ta­ções do BCE (que o pro­pó­sito de um novo au­mento das taxas de juro nos pró­ximos dias evi­dencia).
É par­ti­cu­lar­mente sig­ni­fi­ca­tiva a si­tu­ação no preço dos com­bus­tí­veis onde, pe­rante a cum­pli­ci­dade do Go­verno, se tem as­sis­tido a uma acção es­pe­cu­la­tiva com pro­fundas con­sequên­cias nas con­di­ções de vida das po­pu­la­ções e na ac­ti­vi­dade eco­nó­mica e pro­du­tiva, num quadro em que as prin­ci­pais em­presas pe­tro­lí­feras con­ti­nuam a apre­sentar ele­vadas taxas de lucro, de que são exemplo os 175 mi­lhões de euros ob­tidos pela GALP no pri­meiro tri­mes­tres de 2008.
Em ma­téria da su­bida ex­po­nen­cial dos preços de bens ali­men­tares, agra­vada pela si­tu­ação es­tru­tural a que a agri­cul­tura, a pe­cuária e as pescas por­tu­guesas foram con­du­zidas em re­sul­tado das po­lí­ticas de su­ces­sivos go­vernos e da Po­lí­tica Agrí­cola Comum (PAC) e da Po­lí­tica Comum de Pescas (PCP), o Go­verno não só nega a re­a­li­dade da si­tu­ação (de­sig­na­da­mente a perda de ren­di­mento dos agri­cul­tores), como não toma as me­didas ur­gentes que a pro­dução agrí­cola e de pescas por­tu­guesas exigem. Apa­ren­tando opor-se à nova re­forma da PAC que a União Eu­ro­peia pôs em marcha, para mul­ti­plicar e re­forçar as po­lí­ticas que estão na base dos pro­blemas agro-ali­men­tares que o País e o Mundo en­frentam, o Go­verno pros­segue e acentua de facto no plano in­terno essas po­lí­ticas.
As crises que se fazem sentir nos sec­tores da energia e da pro­dução ali­mentar as­sumem um grau muito ele­vado em Por­tugal. As po­lí­ticas de di­reita de su­ces­sivos go­vernos, no­me­a­da­mente as pri­va­ti­za­ções e li­be­ra­li­za­ções de em­presas e mer­cados de bens es­sen­ciais, a des­truição da Re­forma Agrária e o aban­dono da pro­dução na­ci­onal, a hi­po­teca da so­be­rania e da ca­pa­ci­dade de res­posta pró­pria do País, ao ar­repio do que o PCP sempre de­fendeu, ex­tre­maram as fra­gi­li­dades es­tru­tu­rais do País, bem evi­dentes na ele­vada de­pen­dência ener­gé­tica da fac­tura pe­tro­lí­fera e do sig­ni­fi­ca­tivo dé­fice agro-ali­mentar de Por­tugal.

6. O Co­mité Cen­tral do PCP re­alça a im­por­tância e sig­ni­fi­cado das ac­ções de luta contra a po­lí­tica do ac­tual Go­verno des­taca em par­ti­cular, pela sua di­mensão, com­ba­ti­vi­dade e sig­ni­fi­cado, as ac­ções de pro­testo na­ci­onal re­a­li­zadas pela CGTP-IN em 5 e 28 de Junho que uniram no pro­testo cen­tenas de mi­lhares de tra­ba­lha­dores. O Co­mité Cen­tral su­blinha a ex­pres­siva luta dos tra­ba­lha­dores da Ad­mi­nis­tração Pú­blica (com des­taque para os pro­fes­sores, ad­mi­nis­tração cen­tral e local e en­fer­meiros) e de nu­me­rosas em­presas e sec­tores, a ma­ni­fes­tação na­ci­onal de jo­vens tra­ba­lha­dores de 28 de Março e as co­me­mo­ra­ções po­pu­lares do 25 de Abril e do 1.º de Maio..
As ac­ções de luta na agri­cul­tura, nas pescas, no sector de trans­porte de mer­ca­do­rias e re­bo­ques, os pro­testos das co­mis­sões de utentes em de­fesa de ser­viços pú­blicos, contra a in­tro­dução de por­ta­gens ou o au­mento dos com­bus­tí­veis (com des­taque para o Bu­zinão Na­ci­onal de 17 de Junho), a acção em de­fesa da dig­ni­fi­cação da função mi­litar, as lutas dos es­tu­dantes, dos re­for­mados e dos imi­grantes são tes­te­munho da am­pli­tude e di­ver­si­dade do mo­vi­mento de pro­testo e con­de­nação das po­lí­ticas do Go­verno do PS.
Este pe­ríodo fica mar­cado por uma in­tensa, e das mais ex­pres­sivas dos úl­timos anos, vaga de pro­testo e de luta contra a po­lí­tica de di­reita em que os tra­ba­lha­dores e as suas or­ga­ni­za­ções de classe – com re­levo para a grande cen­tral sin­dical dos tra­ba­lha­dores por­tu­gueses CGTP-IN – as­su­miram um papel cen­tral.

7. Mais de três anos pas­sados, con­firma-se que a po­lí­tica do ac­tual Go­verno se tem cons­ti­tuído como um factor de re­tro­cesso do País e de­ses­ta­bi­li­zação, de agra­va­mento da si­tu­ação eco­nó­mica e de acen­tu­ação das de­si­gual­dades e in­jus­tiças so­ciais, de re­dução da so­be­rania na­ci­onal e de sub­missão aos in­te­resses das grandes po­tên­cias e do ca­pital es­tran­geiro.
O Co­mité Cen­tral do PCP sa­li­enta e va­lo­riza a im­por­tância da moção de cen­sura ao Go­verno do PS apre­sen­tada pelo Par­tido na As­sem­bleia da Re­pú­blica, as­su­mindo também no plano par­la­mentar uma firme con­de­nação de uma po­lí­tica con­trária aos in­te­resses dos tra­ba­lha­dores e do País, dando ex­pressão à vasta frente de luta e des­con­ten­ta­mento que per­corre o País e afirmou a exi­gência de rup­tura com a po­lí­tica de di­reita.

8. O Co­mité Cen­tral do PCP chama a atenção para as ma­no­bras que visam ali­mentar falsas al­ter­na­tivas e animar so­lu­ções po­li­ti­ca­mente in­con­se­quentes que, para além de con­tri­buírem para pre­servar a po­lí­tica de di­reita, são sus­cep­tí­veis de am­pliar a de­si­lusão e di­fi­cultar uma ver­da­deira al­ter­na­tiva as­sente na rup­tura com a po­lí­tica de di­reita.
A ope­ração em curso para cre­di­bi­lizar o PSD como al­ter­na­tiva cons­titui um exer­cício de mis­ti­fi­cação des­ti­nado a bran­quear as res­pon­sa­bi­li­dades go­ver­na­tivas do PSD e a as­se­gurar a con­ti­nui­dade da po­lí­tica de di­reita. A ten­ta­tiva de apre­sentar o PSD como a «opo­sição» ao PS, ali­men­tada na base da ideia do con­fronto entre Ma­nuela Fer­reira Leite e José Só­crates, des­ti­nada a cons­truir um clima de bi­po­la­ri­zação po­lí­tica e elei­to­ral­mente ar­ti­fi­cial, in­sere-se numa es­tra­tégia mais vasta de fa­vo­re­ci­mento de so­lu­ções de mera al­ter­nância. In­se­pa­rável de um quadro mar­cado pela «con­ver­gência es­tra­té­gica» as­sente nos par­tidos do bloco cen­tral e a que o Pre­si­dente da Re­pú­blica não é alheio, esta ope­ração visa iludir a plena iden­ti­fi­cação de ob­jec­tivos entre PS e PSD. A moção apre­sen­tada pela ac­tual líder do PSD ao con­gresso do seu par­tido é uma clara con­fissão dessa iden­ti­dade e uma ad­missão an­te­ci­pada de co­la­bo­ração e su­porte dessa po­lí­tica no fu­turo pró­ximo.
A ini­ci­a­tiva que juntou BE e Ma­nuel Alegre é, sejam quais forem os pro­jectos e de­sen­vol­vi­mentos ul­te­ri­ores, re­flexo di­recto da in­qui­e­tação sus­ci­tada pela re­co­nhe­cida pos­si­bi­li­dade de alar­ga­mento da in­fluência do PCP face ao cres­cente des­con­ten­ta­mento e luta po­pu­lares. É também uma ini­ci­a­tiva sec­tária que, fal­sa­mente apre­sen­tada como «da es­querda», se ba­seia numa con­cepção de ex­clusão do PCP, vi­sando ao mesmo tempo acusá-lo, hi­po­cri­ta­mente de iso­la­ci­o­nismo. Esta acção, des­pro­vida de um pro­pó­sito claro de rup­tura com a po­lí­tica de di­reita, é parte de um pro­cesso que, para além da afir­mação de pro­jectos pes­soais e de grupo, visa ca­pi­ta­lizar o des­con­ten­ta­mento que a luta tem am­pliado e dar es­paço a so­lu­ções in­con­se­quentes que ob­jec­ti­va­mente não só não com­pro­metem a po­lí­tica de di­reita, como fa­vo­recem o PS e as suas cí­clicas ma­no­bras de bran­que­a­mento de res­pon­sa­bi­li­dades.

9. O Co­mité Cen­tral re­gista a per­sis­tência de pro­pó­sitos que põem em causa li­ber­dades e atacam a de­mo­cracia po­lí­tica.
A der­rota de uma nova ten­ta­tiva de adul­te­ração da lei elei­toral para as au­tar­quias – di­tada pelas con­tra­di­ções que o en­rai­zado ca­rácter de­mo­crá­tico do ac­tual sis­tema de cons­ti­tuição e fun­ci­o­na­mento do Poder Local cria face a pro­jectos de em­po­bre­ci­mento da sua co­le­gi­a­li­dade e plu­ra­lismo – não sig­ni­fica o aban­dono de­fi­ni­tivo dos pro­jectos que, em par­ti­cular PS e PSD, pros­se­guem para sub­verter as leis elei­to­rais e a sua pro­por­ci­o­na­li­dade e li­mitar a de­mo­cracia po­lí­tica.
O Co­mité Cen­tral do PCP su­blinha uma vez mais o ca­rácter an­ti­de­mo­crá­tico da Leis dos Par­tidos e do res­pec­tivo fi­nan­ci­a­mento.
A re­jeição das pro­postas de al­te­ra­ções apre­sen­tadas pelo PCP à Lei dos Par­tidos con­firma a in­tenção de fazer desta le­gis­lação um ins­tru­mento para impor uma in­to­le­rável in­ge­rência e li­mi­tação à so­be­rania de de­cisão sobre as formas de or­ga­ni­zação e fun­ci­o­na­mento do PCP.
O CC do PCP não pode deixar de acom­pa­nhar com in­qui­e­tação a de­li­be­rada in­ter­venção di­tada por uma ile­gí­tima ar­bi­tra­ri­e­dade e abuso do poder que, a pro­pó­sito da fis­ca­li­zação das contas do Par­tido, visa não a na­tural ve­ri­fi­cação da sua le­ga­li­dade mas uma acção que, as­sente na des­con­fi­ança, se as­sume cres­cen­te­mente com um ca­rácter per­se­cu­tório contra o PCP e em par­ti­cular contra a mais im­por­tante ini­ci­a­tiva po­lí­tica e cul­tural do País – a Festa do Avante!.

10. O Co­mité Cen­tral do PCP su­blinha a im­por­tância de­ci­siva do re­forço do Par­tido e da sua in­fluência po­lí­tica e elei­toral como con­dição es­sen­cial para uma mu­dança de po­lí­tica e a con­cre­ti­zação de uma po­lí­tica al­ter­na­tiva. O PCP re­a­firma o seu pro­pó­sito de sempre, de con­ver­gência e leal co­o­pe­ração com todos os que estão em­pe­nhados num pro­jecto claro de rup­tura com a po­lí­tica de di­reita.

2.
A vi­tória do Não na Ir­landa – Uma der­rota para o pro­jecto ne­o­li­beral, fe­de­ra­lista e mi­li­ta­rista da União Eu­ro­peia


1
. O Co­mité Cen­tral do PCP des­taca, pelo seu enorme sig­ni­fi­cado e im­por­tância po­lí­tica, a vi­tória do NÃO na Ir­landa no re­fe­rendo (cons­ti­tu­ci­o­nal­mente obri­ga­tório) ao agora de­no­mi­nado «Tra­tado de Lisboa» e que con­subs­tancia uma der­rota para o pro­jecto de apro­fun­da­mento do ne­o­li­be­ra­lismo, do fe­de­ra­lismo e do mi­li­ta­rismo que as grandes po­tên­cias e os grandes grupos eco­nó­micos e fi­nan­ceiros teimam em pros­se­guir.
A re­jeição do Tra­tado pelo povo ir­landês cons­titui um sério revés para o grande ca­pital eu­ropeu e as forças po­lí­ticas que o re­pre­sentam, tão mais sig­ni­fi­ca­tivo quanto foi al­can­çada sob uma in­tensa in­ge­rência, pres­sões e chan­tagem por parte dos prin­ci­pais li­deres da União Eu­ro­peia. As re­ac­ções da mai­oria dos go­vernos dos países e das ins­ti­tui­ções su­pra­na­ci­o­nais da União Eu­ro­peia ao NÃO do povo ir­landês e as ma­no­bras que estão em curso para salvar e impor um Tra­tado po­lí­tica e ju­ri­di­ca­mente morto, evi­den­ciam o ca­rácter an­ti­de­mo­crá­tico do pro­cesso de in­te­gração ca­pi­ta­lista na Eu­ropa e ajudam a cla­ri­ficar a ver­da­deira razão porque os go­vernos de todos os ou­tros países se re­cu­saram a re­correr à con­sulta dos res­pec­tivos povos pela via do re­fe­rendo..

2. O re­sul­tado do re­fe­rendo na Ir­landa cons­titui também uma sig­ni­fi­ca­tiva der­rota para aqueles que no nosso País, como o PS e o PSD, tudo fi­zeram, ao con­trário do que ha­viam as­su­mido como com­pro­misso, para im­pedir o de­bate em torno do Tra­tado e re­tirar ao povo por­tu­guês o di­reito de se pro­nun­ciar. O Co­mité Cen­tral ma­ni­festa a sua pre­o­cu­pação pelas de­cla­ra­ções do Pre­si­dente da Re­pú­blica, a pro­pó­sito do NÃO da Ir­landa, de des­prezo pela con­sulta po­pular a tra­tados in­ter­na­ci­o­nais. Para o pri­meiro-mi­nistro José Só­crates e o seu Go­verno — que amarrou a pre­si­dência por­tu­guesa do Con­selho da União Eu­ro­peia às exi­gên­cias das grandes po­tên­cias e as­sumiu uma inad­mis­sível pos­tura de ab­di­cação de so­be­rania, no­me­a­da­mente com a en­trega da com­pe­tência da gestão dos re­cursos bi­o­ló­gicos ma­ri­nhos na­ci­o­nais à UE, e com a perda acres­cida de ca­pa­ci­dade ins­ti­tu­ci­onal de Por­tugal nos ór­gãos da União Eu­ro­peia — o NÃO ir­landês re­pre­senta uma sig­ni­fi­ca­tiva der­rota po­lí­tica.
O NÃO da Ir­landa cons­titui também uma im­por­tante vi­tória dos que, como o PCP, não só não se con­for­maram com a ine­vi­ta­bi­li­dade da en­trada em vigor do Tra­tado, como man­ti­veram viva na sua luta as ac­ções des­ti­nadas à de­núncia, junto dos tra­ba­lha­dores e do povo, do seu con­teúdo e con­sequên­cias.

3. O Co­mité Cen­tral do PCP saúda o povo da Ir­landa pelo ines­ti­mável con­tri­buto que deu para travar o Tra­tado e de­nun­ciar o pe­ri­goso ca­minho que este en­cerra, e va­lo­riza a to­mada de po­sição comum de par­tidos co­mu­nistas e ou­tras forças de es­querda e pro­gres­sistas de países da União Eu­ro­peia sobre o re­sul­tado do re­fe­rendo na Ir­landa. Com a re­jeição do Tra­tado abriram-se novas pers­pec­tivas e me­lhores con­di­ções para pros­se­guir a luta contra a ofen­siva do grande ca­pital que visa atingir e li­quidar di­reitos la­bo­rais e so­ciais, como o ho­rário de tra­balho, em que a di­rec­tiva para o pro­lon­ga­mento do tempo de tra­balho até às 65 horas se­ma­nais con­fi­gura uma tre­menda re­gressão ci­vi­li­za­ci­onal.

4. O Co­mité Cen­tral va­lo­riza as lutas da classe ope­rária e de ou­tras ca­madas so­ciais que por toda a Eu­ropa lutam contra a ex­plo­ração, pelo di­reito ao tra­balho e por me­lhores con­di­ções de vida e su­blinha a ne­ces­si­dade de se re­forçar a so­li­da­ri­e­dade anti-im­pe­ri­a­lista e a luta pela paz. A Ci­meira União Eu­ro­peia/​EUA, no quadro da vi­sita de Bush à Eu­ropa, em fim de man­dato e to­tal­mente des­pres­ti­giado, sig­ni­fica o re­forço da co­o­pe­ração tran­sa­tlân­tica as­sente no mi­li­ta­rismo como con­firma a anun­ciada en­trada da França na es­tru­tura mi­litar da NATO. É mais um sinal da pe­ri­gosa es­ca­lada de mi­li­ta­ri­zação que acom­panha com gra­vi­dade cres­cente, os picos da crise eco­nó­mica e so­cial do ca­pi­ta­lismo. O PCP con­si­dera igual­mente grave a re­cente apro­vação pelo Par­la­mento Eu­ropeu da «Di­rec­tiva do Re­torno» que visa a ex­pulsão dos imi­grantes e que im­ple­menta me­didas de cariz se­cu­ri­tário, re­pres­sivo e cri­mi­na­li­zador da imi­gração e dos imi­grantes, apon­tando a ne­ces­si­dade de a com­bater.

3.
Re­forçar o Par­tido e a ini­ci­a­tiva po­lí­tica


1
. O Co­mité Cen­tral sa­li­enta, numa si­tu­ação par­ti­cu­lar­mente di­fícil para os tra­ba­lha­dores e o povo por­tu­guês, a acção re­a­li­zada pelo Par­tido nos úl­timos meses que deu uma con­tri­buição de­ci­siva na re­sis­tência e com­bate à po­lí­tica de di­reita, con­cre­tizou uma no­tável in­ter­venção po­lí­tica, alargou a sua in­fluência, avançou no re­forço da or­ga­ni­zação par­ti­dária e deu inicio à pre­pa­ração do XVIII Con­gresso.
O PCP pros­se­guindo uma fase ini­ciada pela Marcha «Li­ber­dade e De­mo­cracia», em que se in­serem as co­me­mo­ra­ções do 87.º ani­ver­sário do Par­tido, e do 160.º ani­ver­sário do Ma­ni­festo do Par­tido Co­mu­nista, con­cre­tizou as cam­pa­nhas «Basta de in­jus­tiças: mudar de po­lí­tica para uma vida me­lhor», «Có­digo do Tra­balho: Basta de ex­plo­ração», «Não ao Tra­tado da União Eu­ro­peia» e a «Jor­nada contra o au­mento do custo de vida» sendo, ainda, de des­tacar as mar­chas de pro­testo e re­cla­mação re­a­li­zadas por vá­rias or­ga­ni­za­ções do Par­tido, os En­con­tros Na­ci­o­nais sobre Edu­cação e sobre Di­reitos das Mu­lheres e a in­tensa ac­ti­vi­dade da JCP..
O con­tri­buto para o de­sen­vol­vi­mento da acção de massas, o for­ta­le­ci­mento dos mo­vi­mentos uni­tá­rios e o de­sen­vol­vi­mento de uma forte acção po­lí­tica, ti­veram ex­pressão na As­sem­bleia da Re­pú­blica com es­pe­cial des­taque na apre­sen­tação da Moção de Cen­sura à po­lí­tica e ao Go­verno do PS, das me­didas ur­gentes para dar res­posta à si­tu­ação ac­tual e das pro­postas de al­te­ração ao Có­digo do Tra­balho.
Acom­pa­nhando e sen­tindo os pro­blemas e di­fi­cul­dades dos tra­ba­lha­dores e do povo, re­sis­tindo e es­ti­mu­lando a re­sis­tência, lu­tando e es­ti­mu­lando a luta, en­fren­tando a ar­ro­gância e a pre­po­tência pa­tronal e go­ver­na­mental, pro­pondo e afir­mando a al­ter­na­tiva, o PCP com uma ina­ba­lável con­fi­ança no fu­turo con­firma-se como a grande força da li­ber­dade e da de­mo­cracia, a ver­da­deira opo­sição à po­lí­tica e ao Go­verno PS, opo­sição nas pa­la­vras e na acção, força da rup­tura com a po­lí­tica de di­reita, par­tido por­tador das pro­postas e do pro­jecto al­ter­na­tivo e de fu­turo que Por­tugal pre­cisa.

2. O Co­mité Cen­tral apela às or­ga­ni­za­ções e mi­li­tantes para uma forte par­ti­ci­pação na pre­pa­ração do XVIII Con­gresso, ar­ti­cu­lada com o pros­se­gui­mento da apli­cação das li­nhas de­fi­nidas para o re­forço da or­ga­ni­zação par­ti­dária e uma in­ter­venção po­lí­tica que res­ponda às grandes ques­tões com que os tra­ba­lha­dores, o povo e o País estão con­fron­tados.
O Co­mité Cen­tral su­blinha a im­por­tância – no plano das me­didas de re­forço da or­ga­ni­zação par­ti­dária apon­tadas para 2008: da in­ten­si­fi­cação do tra­balho para o for­ta­le­ci­mento da or­ga­ni­zação e in­ter­venção nas em­presas e lo­cais de tra­balho, au­men­tando o nú­mero de mem­bros do par­tido aí or­ga­ni­zados; da res­pon­sa­bi­li­zação e for­mação de qua­dros; da di­na­mi­zação das or­ga­ni­za­ções de base e con­cre­ti­zação de as­sem­bleias das or­ga­ni­za­ções; do alar­ga­mento da re­colha de fundos, em par­ti­cular das quo­ti­za­ções dos mi­li­tantes; da in­ten­si­fi­cação e alar­ga­mento do tra­balho de in­for­mação e pro­pa­ganda; do re­cru­ta­mento de novos mi­li­tantes e da sua in­te­gração e res­pon­sa­bi­li­zação par­ti­dária.
O Co­mité Cen­tral des­taca a im­por­tância do em­pe­nha­mento na luta contra o pro­jecto da al­te­ração para pior do Có­digo do Tra­balho e da le­gis­lação la­boral da Ad­mi­nis­tração Pú­blica; contra a pre­ca­ri­e­dade; pelo au­mento dos sa­lá­rios e pen­sões; na de­fesa dos ser­viços pú­blicos, em par­ti­cular do Ser­viço Na­ci­onal de Saúde; no com­bate ao au­mento do custo de vida; na exi­gência da con­cre­ti­zação das me­didas ex­tra­or­di­ná­rias pro­postas pelo PCP.
Tendo em conta estes ob­jec­tivos, o Co­mité Cen­tral apela aos mi­li­tantes e or­ga­ni­za­ções do Par­tido para que du­rante o mês de Julho se em­pe­nhem numa acção na­ci­onal de con­tacto com os tra­ba­lha­dores e as po­pu­la­ções, am­pli­ando o es­cla­re­ci­mento e a mo­bi­li­zação contra a po­lí­tica de di­reita. Uma acção em que está in­cluída a re­a­li­zação dia 8 de Julho da Sessão Pú­blica di­ri­gida a ge­ra­ções mais jo­vens de tra­ba­lha­dores, de­sig­na­da­mente de agre­gados fa­mi­li­ares até aos 40 anos, hoje con­fron­tados com baixos sa­lá­rios, pre­ca­ri­e­dade, au­mento das taxas de juro e di­fi­cul­dades no apoio à fa­mília.
O Co­mité Cen­tral re­a­firma a ne­ces­si­dade de pros­se­guir e alargar o tra­balho po­lí­tico uni­tário, for­ta­lecer os con­tactos e o diá­logo com de­mo­cratas e in­de­pen­dentes e dar maior pro­jecção po­lí­tica ao nu­me­roso campo de de­mo­cratas que par­ti­cipam no quadro da Co­li­gação De­mo­crá­tica Uni­tária (CDU).
O Co­mité Cen­tral, numa fase em que se ini­ciam as jor­nadas de tra­balho e se in­ten­si­fica a pro­moção da Festa do Avante! e a venda da EP, sa­li­enta a im­por­tância da Festa que se re­a­liza em 5, 6 e 7 de Se­tembro, e a re­a­li­zação da Festa da Ale­gria em Braga a 19 e 20 de Julho.
O Co­mité Cen­tral su­blinha a im­por­tância da ba­talha po­lí­tica e elei­toral que a re­a­li­zação das elei­ções re­gi­o­nais nos Açores cons­titui e apela a uma acção com­ba­tiva e de­ter­mi­nada dos mi­li­tantes do Par­tido e dos ac­ti­vistas da CDU para as­se­gurar na re­gião o re­forço da CDU e a in­dis­pen­sável pre­sença do PCP na As­sem­bleia Le­gis­la­tiva Re­gi­onal.

4.
XVIII Con­gresso do PCP – Por Abril, Pelo So­ci­a­lismo, um Par­tido mais forte


1
. O Co­mité Cen­tral abordou ma­té­rias re­la­tivas à pre­pa­ração do XVIII Con­gresso, que se irá re­a­lizar nos dias 29 e 30 de No­vembro e 1 de De­zembro do cor­rente ano, no Campo Pe­queno em Lisboa.
O Co­mité Cen­tral fez o ba­lanço da 1.ª fase pre­pa­ra­tória, e tomou co­nhe­ci­mento do re­sul­tado do de­bate e das ques­tões le­van­tadas em mais de 800 reu­niões e ple­ná­rios de or­ga­nismos e or­ga­ni­za­ções, con­tri­buindo com um sig­ni­fi­ca­tivo con­junto de opi­niões e con­tri­butos que, con­fir­mando os ob­jec­tivos apon­tados pelo CC, são um va­lioso ma­te­rial para a re­flexão e ela­bo­ração das teses a apre­sentar ao XVIII Con­gresso.
O de­bate pre­pa­ra­tório da pri­meira fase con­firmou que o Pro­grama e os Es­ta­tutos do Par­tido em vigor mantêm no es­sen­cial ac­tu­a­li­dade e va­li­dade, pelo que de­cide não apre­sentar pro­postas de al­te­ração a estes do­cu­mentos.

2. O Co­mité Cen­tral con­si­dera que a pro­posta do novo Co­mité Cen­tral a eleger pelo Con­gresso de­verá manter as mesmas ca­rac­te­rís­ticas do ac­tual, no­me­a­da­mente no que se re­fere às suas com­pe­tên­cias e di­mensão, a qual po­derá ter al­guma re­dução.
Quanto à sua com­po­sição, no quadro da re­no­vação e re­ju­ve­nes­ci­mento, a lista do novo Co­mité Cen­tral, re­flec­tindo a iden­ti­dade, na­tu­reza e prin­cí­pios do Par­tido, de­verá manter uma larga mai­oria de ope­rá­rios e em­pre­gados com uma forte com­po­nente ope­rária. De­verá também ser as­se­gu­rada a par­ti­ci­pação de qua­dros do Par­tido – fun­ci­o­ná­rios e não fun­ci­o­ná­rios – res­pon­sá­veis por grandes or­ga­ni­za­ções e sec­tores de ac­ti­vi­dade par­ti­dária, vindos di­rec­ta­mente das em­presas e lo­cais de tra­balho, e ou­tros qua­dros in­te­grantes de mo­vi­mentos de massas com des­ta­cada in­ter­venção e di­ver­si­dade de co­nhe­ci­mentos em im­por­tantes área da vida so­cial, eco­nó­mica, cul­tural, téc­nica, in­te­lec­tual e ci­en­tí­fica, bem como re­for­çada a par­ti­ci­pação de mu­lheres e jo­vens.
O Co­mité Cen­tral con­si­dera, em con­for­mi­dade com a prá­tica do Par­tido, ser in­dis­pen­sável pro­ceder à mais ampla aus­cul­tação das or­ga­ni­za­ções e or­ga­nismos onde se in­serem os qua­dros que sejam con­si­de­rados para in­te­grar a pro­posta que o Co­mité Cen­tral apre­sen­tará ao Con­gresso, assim como à in­for­mação aos res­pec­tivos or­ga­nismos de ca­ma­radas do ac­tual CC que não in­te­grem a pro­posta do fu­turo Co­mité Cen­tral.

3. O Co­mité Cen­tral aprovou o Re­gu­la­mento para o de­bate no Par­tido e a eleição de de­le­gados. O de­bate do Pro­jecto de Teses apre­sen­tado pelo Co­mité Cen­tral, inicia-se após a sua pu­bli­cação no Avante!, em fi­nais de Se­tembro, es­ta­be­le­cendo o Re­gu­la­mento da fase pre­pa­ra­tória o dia 15 de No­vembro como data li­mita para a en­trega de pro­postas de al­te­ração e emendas. As as­sem­bleias ple­ná­rias para eleição dos de­le­gados de­verão estar con­cluídas até dia 20 de No­vembro.

4. O Co­mité Cen­tral con­si­derou que a im­prensa par­ti­dária – o Avante! e O Mi­li­tante – de­verá ter um papel ac­tivo na di­vul­gação, pro­moção e es­tí­mulo à par­ti­ci­pação no de­bate pre­pa­ra­tório, dar conta das ini­ci­a­tivas le­vadas a cabo pelas or­ga­ni­za­ções e abrir nas pá­ginas do Avante! um es­paço pró­prio se­gundo normas a de­finir pelos or­ga­nismos exe­cu­tivos.
O Co­mité Cen­tral de­cidiu que sejam con­vi­dados a as­sistir aos tra­ba­lhos do Con­gresso, mi­li­tantes do Par­tido, par­tidos, or­ga­ni­za­ções so­ciais, ins­ti­tui­ções, per­so­na­li­dades por­tu­guesas e par­tidos co­mu­nistas, mo­vi­mentos e or­ga­ni­za­ções re­vo­lu­ci­o­ná­rias e pro­gres­sistas de vá­rios países.

5. O Co­mité Cen­tral exorta todos os mi­li­tantes para uma em­pe­nhada in­ter­venção na pre­pa­ração do XVIII Con­gresso e re­a­firma a ne­ces­si­dade da ar­ti­cu­lação deste tra­balho com o re­forço do Par­tido e a ac­tiva in­ter­venção di­tada pelas exi­gentes ta­refas po­lí­ticas que a si­tu­ação do País re­clama.
O Co­mité Cen­tral do PCP apela à ac­tiva par­ti­ci­pação dos mem­bros do Par­tido para que, in­se­ridos no es­forço co­lec­tivo para en­con­trar as me­lhores res­postas para o re­forço do PCP e a afir­mação do seu ideal e pro­jecto, con­tri­buam com as suas ex­pe­ri­ên­cias, co­nhe­ci­mento e re­flexão pró­pria para o en­ri­que­ci­mento e a di­na­mi­zação dos tra­ba­lhos pre­pa­ra­tó­rios do XVIII Con­gresso.

29 e 30 de Junho de 2008



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